O peito e o dorso
Em todas as raças a reformulação da perfeição deve-se em certa medida a
uma série de coeficientes ou parâmetros, cuja selecção permite conseguir uma
contínua e importante melhoria.
É por isso que o peito e dorso num gloster são extremamente importantes
na reformulação do standard, determinando uma selecção e melhoria constante.
Sabemos que o peito do gloster deve ser redondo assim como sabemos que o
dorso deve ser ligeiramente bombeado, mas para uma maior clareza é
indispensável que seja inequívoco o que se entende por rotundidade do peito e
por dorso bombeado.
Geralmente a nossa visão do standart é uma visão que propõe, para
simplificar o desenho do canário, um corte de perfil e uma vista de cima. É bem
claro que a rotundidade do peito é determinada por uma linha contínua que partindo imediatamente abaixo do bico se estende de forma arredondada até à
cauda, de igual modo o dorso é também representado por uma linha contínua,
arredondada e convexa que parte do pescoço até à cauda.
Para esclarecer este ponto servir-nos-emos de alguns desenhos e
debruçar-nos-emos a analisar o que se entende por rotundidade do peito e dorso.
Pretende-se, de uma imagem vista de cima, que para não criar equívocos
será de boas características, seccionar a mesma silhueta, procurando modificar
o que se pretende ao seu volume.
Chegados a este ponto podemos concluir que uma visão plana não mostra a
ideia de tridimensionalidade.
O que muda será evidentemente a imagem que ilustramos do canário no
plano.
Aquilo que analisamos nas três figuras - mas é claro que a possibilidade
intermédia é infinita - é um canário com um bom dorso e um peito escasso; um
canário com um bom peito mas com falta de dorso; e um canário bom na
totalidade.
Graças a este desenhos exemplificativos é possível verificar como as
várias secções se modificam e como é fácil para todos intuir qual será o mais
desejável para um gloster.
O juízo de valor que valida um canário não deve limitar-se à sua observação
frontal, mas deve ter em consideração as suas diversas posições para verificar
que a rotundidade converge em todo o seu volume.
É perceptível que a rotundidade é uma característica genética
transmissível, mas não podemos negar que para além desta característica podem
existir outras tais como a graciosidade e posição.
Um canário tranquilo exprime certamente melhor compacteza e, sentindo-se
mais relaxado,assume uma posição de tranquilidade, contrariamente ao canário
intranquilo que se alonga ou assume uma reacção de fuga.
Um canário não é melhor só porque assume uma boa posição, mas certamente
a tranquilidade na gaiola permite-lhe exprimir ao máximo os seus dotes.
A tese evidenciando que para obter um gloster redondo deverá sobretudo
ter muita plumagem não é aceitável, uma boa estrutura física é determinante,
porque permite trabalhar comprimento das penas finas e o excesso de plumagem.
Conclusões
O peito deve ser arredondado e sem proeminências, amplo e largo seja no
sentido horizontal ou vertical, fundindo-se harmoniosamente com o abdómen e
formando uma curva contínua, a qual parte do extremo do bico até às cauda. Visto de cima, a
distância entre omoplatas dever o mais possível semelhante àquela entre o
pescoço e a raiz da cauda. O dorso deve ser cheio e robusto,com asas bem
aderentes e o pescoço deve ser largo e cheio, mas muito curto.
As asas devem fundir-se harmoniosamente com o peito e o pescoço, a fim
de conferir amplitude ao primeiro e suavidade ao segundo.
O gloster ideal deve ser curto e compacto. É sempre preferível um
canário pequeno e a selecção deve ter sempre em consideração a diminuição do
comprimento e a cauda deve ser estreita, compacta e na linha do corpo. Por
isso, o comprimento ideal é de 11,5 cm e a selecção deve privilegiar a sua miniaturização.
Por António Carvalho
Artigo retirado da Revista "O Gloster
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