quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O TAMANHO NOS GLOSTERS

Este artigo é dirigida a todos os criadores e expositores de glosters, assim como juízes em geral, aos quais gostaria de expressar a minha opinião sobre o conceito TAMANHO no que diz respeito ao gloster.

Antes de iniciar devemos situarmo-nos historicamente. A primeira aparição do gloster (após dez anos de trabalho), surge por volta de meados da década de 1930, no condado inglês de Gloustershire, no oeste de Inglaterra, de onde recebeu o seu nome. Foi Mrs. Rogerson a responsável de trabalhar com diferentes raças (Crest de menores dimenssões possíveis, Borders e canários do Harz), para conseguir este simpático animal, que com muita probabilidade, é o canário de postura mais popular do mundo.

Para obter um gloster, é absolutamente imprescindível partir de um exemplar com boas características morfológicas (fenótipo) conhecidas no standart da raça, como por exemplo: boa cabeça, bom tipo, boa qualidade de plumagem, e tamanho aceitável.

No que diz respeito ao genótipo, por não ser algo tangível, devemos recorrer a um sério e prestigioso criador, que crie selectivamente, seja em inbreding ou em outbreding, ou seja com linhas mais ou menos directas em consanguinidade.

As cabeças no gloster, serão morfologicamente diferentes no caso de um corona ou um consort. Uma boa coroa deverá distinguir-se pela sua redondeza, e ser o mais definida possível, formada por penas longas que cairão em todas as direcções, bem aderidas e partindo de um ponto central definido.

Por vezes vemos em exposições coroas excessivamente grandes, que não permitem ver os olhos (estas serão definidas como Coronas tipo Crest). Para salvaguardar a raça deveremos seleccionar as coroas que permitem ver a metade os olhos, para isso serão necessários vários tipos de plumagem de diferentes comprimentos.

No que diz respeito ao consort, devemos ser honestos e aceitar dois conceitos distintos de cabeça:

1. cabeça larga e o mais redonda possível, que lhe confere uma grande sensação de redondeza. A união com o peito, costas e corpo, deve formar um único bloco, bem definido e compacto; o que se denomina de corpo braquiforme mas com pequena diferenciação de pescoço, ao contrário do norwish. O bico será o mais pequenos, curto e redondo possível. (exemplares para exposição)

2. cabeça mais plana e mais pequena, com tendência a estreitar o crânio sobre os olhos. Este será um magnífico exemplar para tirar coronas. (exemplares para reproduzir boas coronas)

Conseguir estes tipos de cabeça não será o mais difícil de conseguir. A verdadeira dificuldade encontra-se no conceito TIPO ou CORPO, que deverá ser o mais largo possível. Se partirmos do peito, ou seja, da parte inferior do bico, até ao começo da cauda, deveremos descrever um curva perfeitamente redonda. Jamais a forma em “barril” característica dos norwish.

É precisamente neste conceito onde os criadores devem trabalhar mais insistentemente, devido à dificuldade em conseguir bons exemplares. Não se trata de criar uma plumagem larga no dorso e peito, mas antes conseguir uma estrutura óssea suficientemente ampla por si só. Um bom exemplar, com bom corpo e boas costa, quando agarrado, dá a sensação de encher a mão.

Se estivermos conscientes de que tudo o que foi escrito até agora é absolutamente imprescindível, poderemos seguir a análise dos restante conceitos.

Todos sabemos que o Standard afirma que o gloster deve ter 11 cm, mas todos também concordamos, que actualmente é algo complicado e se calhar irreal, se pensarmos no simples facto que não existe nenhum canário mais pequenos que 12 cms. (nem mesmo o raça espanhola conseguiu chegar a este tamanho).O conceito Tamanho deverá ser visto como um ideal de proximidade, mas sem esquecer os outros conceitos anteriores, caso contrário teremos um canário atípico. Ao reduzirmos o tamanho do gloster nem que seja 1 cm, teremos problemas nos conceitos expostos até ao momento, deixando de ter um gloster ajustado ao standard. Onde sim poderemos trabalhar, será na diminuição das caudas dos nossas exemplares, o que nos ajudará a ter uma sensação óptica de miniaturização, sem sacrificar os demais conceitos, cabeça, corpo e qualidade de plumagem.

Creio que os ingleses souberam aplicar correctamente este conceito quando afirmam que o tamanho deve ser “o mais pequeno possível, sem medida fixa, buscando o equilíbrio entre cabeça, corpo e tamanho”.Seguramente que eles não têm problemas porque nos seus concursos não pontuam numericamente os seus pássaros, simplesmente os vão classificando de acordo com as características mais apreciadas, o que lhes permite não errarem em nenhum dos conceitos. Julgo que o conceito tamanho não seja o mais importante…Convido-os a fazerem uma experiência escolhendo no vosso canaril o Gloster maior e o gloster mais pequeno, comparem-nos e verão que no máximo não existirá 1 cm de diferença entre ambos. A diferença engloba todo o corpo do pássaro, dando uma sensação de maior tamanho, que na realidade acaba por ser uma sensação óptica provocada pela diferença de volumes.

Durante os últimos 50 anos, segundo a bibliografia existente, ninguém conseguiu reduzir o tamanho. Foi durante a última década e influenciados por determinados julgamentos, numa altura em que este conceito tanto em Espanha como em França, teve uma importância desmesurada, que levou ao declínio de todos os criadores espanhóis, que passaram a estar em inferioridade quando os seus gloster competiam a alto nível em outras exposições fora das suas fronteiras.

Neste momento temos que criar uns pássaros para serem apresentados no campeonato de Espanha, e outros muito diferentes para apresentar no exterior.

Enquanto que em Itália, reino unido, bélgica, holanda e Alemanha privilegiam mais outros conceitos como cabeça, corpo e forma, nós quase sempre nos preocupamos exclusivamente com o tamanho, deixando para segundo plano os conceitos que as grandes potências mantinham como primordiais e inquestionáveis.

Entendo que seja triste enganar os criadores que pretendem competir noutros países, simplesmente pela teimosia de alguns juízes. Entre os corredores de Regio Emilia tive oportunidade de encontrar alguns juízes espanhóis, que compravam glosters aos grandes criadores italianos, o mais afastados do conceito tamanho do standard que possamos imaginar. Expressões como (uma coisa é o que compro e outra o que julgo” por parte de alguns juízes soam grotescas e clarificadoras. Estas expressões só me podem levar à seguinte conclusão “não olhes para o que digo mas para o que faço.”

Em 2003 por: Jordi Lermo i Querol Criador y Juez


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