terça-feira, 14 de dezembro de 2010

COMO SELECCIONAR OS SEUS GLOSTERS

Esta é uma época do ano para pensar na selecção dos pássaros que serão guardados para os cruzamentos do próximo ano. Estas são as decisões mais críticas a tomar, para melhorar a criação e evoluirmos na qualidade do nosso plantel. Mesmo que o êxito seja, às vezes, uma questão de sorte há regras básicas que devem ser seguidas para que o sucesso seja alcançado.

1. Regras Gerais

1.1. Nunca tomar uma decisão antes da muda total do pássaro. Alguns pássaros que muito prometem inicialmente podem tornar-se uma decepção depois da muda e outros despontarão como um a flor gerando grande surpresa. Dispor de um gloster jovem antes que acabe a muda será um erro, não importa o que aparente enquanto filhote.

1.2. Nunca parta do pressuposto que um pássaro premiado produzirá bons filhotes. A genética de um pássaro é muito complexa e alguns campeões nunca produziram um pássaro para concurso em toda a sua vida. Com uma boa linhagem e limitando o número de genes a trabalhar, concentram-se as probabilidades de termos os melhores pássaros para produzir a melhor descendência.

1.3. A selecção visual é tão importante quanto à linhagem. Ao ter que seleccionar entre pássaros similares, procure saber a linhagem e escolha o pássaro com os melhores antepassados. Nunca guarde um pássaro de má qualidade por causa de sua linhagem. Por outro lado, nunca escolha um pássaro baseado somente em seu aspecto. Há que se fazer um balanço entre aspecto e linhagem.

1.4. Os pés e as pernas são um bom indicador da qualidade do Gloster. Os pássaros com as patas e as pernas grandes são um problema. Será sempre melhor concentrar-se em pássaros com as patas pequenas e as pernas curtas.

1.5. Os pássaros com quistos são um verdadeiro pesadelo para o criador de Glosters. Os quistos são hereditários ou pelo menos a incapacidade para que um pássaro mude de forma sadia. Os pássaros velhos com problemas de saúde podem desenvolver quistos. Os pássaros saudáveis, menores de quatro anos não devem ter quistos. O uso de pássaros amarelos (intensos, com penas duras) nem sempre é solução para o problema. Em algumas linhagens, quando o problema é recorrente, inclusive os pássaros intensos desenvolvem os quistos. O caminho a seguir será seleccionarmos e acasalarmos correctamente, com vista a produzir pássaros livres de quistos.

1.6. O brilho na cor não é necessariamente um indicador de boa qualidade da pena. É um indicador de boa pigmentação. A maioria das pessoas tende em uma regra geral a confundir estes conceitos levando a más opções. A genética não é uma tarefa simples de apreender.

2. Que machos guardar

2.1. Os machos férteis podem ser utilizados, geralmente, até aos cinco anos, desde que dêem provas de qualidade na descendência. Os machos que são bons progenitores, com qualidades ao nível de alimentação das crias são inestimáveis. Pense sempre duas vezes antes de se desfazer de um macho fértil e são com estas características.

2.2. Aos machos que não galam os ovos podemos dar-lhe outra oportunidade no ano seguinte, preferencialmente com uma fêmea que já deu filhotes. Se cruzarmos um macho presumivelmente estéril com uma fêmea que nunca criou, não teremos dados suficientes para esclarecer a situação. Convêm utilizar a nossa melhor fêmea de criação para testar o macho em causa. Se, pelo segundo ano, entretanto ele ainda não reproduz, livre-se dele. Mesmo que se possa tentar um terceiro ano, você estará insistindo numa situação que levará ao desgaste desnecessário de boas fêmeas de criação.

2.3. A ideia de cruzar o melhor macho do plantel com tantas fêmeas quanto possíveis tem um impacto negativo. A maioria da descendência estará muito ligada entre si e em um abrir e fechar de olhos teremos que procurar novos genes, com a introdução de novos pássaros no plantel. Assegure-se que mantém os irmãos e os primos do seu melhor macho. Você pode usá-los para diversificação de sua base genética sem mudar a linhagem muito drasticamente. E muitas vezes irá surpreender-se ao descobrir que é a descendência desse macho que está a garantir seus melhores filhotes. A maior parte do tempo os irmãos ou as irmãs de campeões são a melhor aposta, não importando se visualmente não parecem.

2.4. Os machos nos quais se notam sinais de agressividade logo em filhotes são descartáveis. Se for possível livre-se deles. O carácter, como tudo o resto, é hereditário. Tente utilizar os machos pacíficos e calmos para a base do seu plantel.

2.5. Os machos gloster que parecem fêmeas são o seu melhor activo. Serão, geralmente, de tipo excepcional e menores que a maioria dos machos. Pode-se basear uma criação inteira em tais machos, uma vez que as suas filhas serão extremamente difíceis de vencer em concurso. É habitual ter-se machos grandes que mostram muito tipo, mas isto limitará muito que a descendência tenha características de aves de concurso. Se não formos muito cuidadosos, cedo ou tarde as suas fêmeas estarão maiores e aí será muito tarde para corrigir a situação. Seja crítico com o tamanho dos seus machos, isto permitirá um maior controlo do seu plantel e garantirá descendência sem penalizações.

2.6. Assegure-se que os machos mostrem a cor mais intensa. Em geral, as fêmeas mostram cor mais apagada. Se teus varões não são bem coloridos, as filhas deles serão muito desbotadas. De certo não deseja acabar com um plantel inteiro de pássaros desbotados. É muito difícil conseguir boa cor sobre toda a pena e as vezes terá que fazer escolhas entre o tipo e a cor.

3. Que fêmeas guardar

3.1. As fêmeas férteis podem ser utilizadas, facilmente, até aos quatro anos, desde que produzam a qualidade que você necessita. O êxito do plantel baseia-se na capacidade de criar boas fêmeas. Como o standard do Gloster se baseia em pássaros pequenos, não há razão para não ter fêmeas dentro do standard. Se você utiliza fêmeas com grandes coronas, pode-se recortar a corona antes do período de cria e ele crescerá na próxima muda. Fazendo isso você aumentará as hipóteses da sua fêmea cuidar melhor de sua prole. Assegure-se de cortar a corona um mês antes de criar para dar à fêmea uma possibilidade de acostumar-se a ver o mundo que a rodeia.

3.2. As qualidades de criação são hereditárias. Considere sempre primeiro as filhas das suas melhores fêmeas criadoras, desde que exibam o tipo que necessita. Uma fêmea de qualidade média mas de bons hábitos de criação sempre será sempre preferível a uma fêmea de qualidade superior com pobres registos de criação. Recorde que se você tem uma linhagem de criação, suas fêmeas podem produzir campeões desde que você não ponha todos os ovos na mesma cesta, centrando-se em sua melhor fêmea. Assegure-se de ficar com as fêmeas que criam bem, mas que estão relacionadas com o seu melhor pássaro. As probabilidades de criar um campeão virão de uma delas.

3.3. A utilização de fêmeas grandes na criação condena toda a futura prole a aumentar de tamanho. Seus filhos serão inclusive maiores e você estará no caminho do fracasso. As fêmeas pequenas são as que melhores resultados lhe darão.

3.4. As fêmeas serão o suporte da forma/tipo do seu plantel. A maioria dos machos são maiores e mais finos que as fêmeas. Se você seleccionar as fêmeas magras e largas, seus filhos não exibirão o standard desejado e destruirão, provavelmente, a qualidade do seu plantel. Às fêmeas com bom tipo podemos atribuir machos que se parecem com elas e assim melhorar definitivamente o seu plantel.

4. Que coronas guardar

4.1. O Corona é provavelmente o pássaro mais difícil de se produzir e a maioria dos criadores não possui um leque extenso de pássaros de qualidade para escolher. O criador experiente sabe que muitos compromissos devem ser feitos para se produzir um bom Corona.
4.2. É habitual encontrarmos a melhor corona em pássaros mais alongados. A pluma mais longa permite uma corona mais cheia e de textura mais suave. Se fizermos uma selecção unicamente sobre as coronas mais impressionantes, acabaremos com um plantel inteiro de pássaros compridos e finos. Tenha sempre presente que devemos trabalhar na criação de um pássaro completo, que na altura de se apresentar a concurso exiba uma boa corona assente numa boa forma.

4.3. Nunca guarde um pássaro com a corona defeituosa (partida, torta, descentralizada, forma esquisita etc). Trate de limitar sua selecção a pássaros que mostrem uma corona redonda, com um centro bem definido. A parte mais difícil para a produção é a frontal. Aí precisa-se de abundância de penas. Os pássaros que tem poucas plumas na parte frontal da corona nunca deverão fazer parte do nosso plantel.

Você pode até tolerar outros defeitos desde que o pássaro apresente a parte frontal da corona em perfeita distribuição.

4.4. Os “cornichos” são a queixa mais frequente nos defeitos detectados em Glosters Coronas. As penas ao redor dos olhos tem a tendência de crescer em direcção oposta ao normal, e os pássaros com coronas excepcionais exibem, frequentemente, os “chifrinhos”. Não seja enganado pelos “pseudo-especialistas, pois muitos dos melhores pássaros de exposição são “maquilhados” pouco antes do concurso. Trate de fazer com que o defeito seja eliminado, mas um pássaro excepcional nunca deverá ser descartado baseado num critério só, ainda que este defeito não seja um problema congénito.

4.5. Tente descartar de imediato os pássaros com coronas muito pequenas. Um bom gloster é um pássaro equilibrado, com a corona proporcional com o resto do corpo. Será sempre preferível ter um pássaro com uma grande corona para poder ser trabalhada e alcançar futuros objectivos.

4.6. Isto leva anos, às vezes décadas... criar bons Coronas. Se você tem bons coronas assegure-se de mantê-los cruzando-os com pássaros de qualidade. Se não tem bons coronas, esta na hora de ir às compras. Um bom corona nunca aparece por magia. Lembre-se que existem criadores com sucessivos anos de trabalho nesta raça e provavelmente você não viverá tempo suficiente para repetir o trabalho de gerações inteiras de criadores especialistas.

5. Que consortes guardar

5.1. Se a sua meta é expor e ganhar com consortes, então deve concentrar-se em consortes. Ainda que esteja demonstrado que os consortes não necessitam das “frentes pesadas” que vimos no passado, você tem que, entretanto, concentrar-se naquela cabeça imponente para atrair a atenção do juiz. Digam o que disserem a sua teoria deve ter sempre presente: ao final os juízes têm a última palavra.

5.2. A criação de consortes não tem as complexidades genéticas dos corona, logo teoricamente será muito mais simples fixar uma característica específica rumo ao nosso Gloster ideal. Sem dúvida o mais importante será ter sempre em mente o ideal de consorte que pretende atingir.

5.3. Os consorte de concurso mais perfeitos são, em geral, os pássaros maiores, o que só confirma sua incompatibilidade com seus companheiros corona. O consorte pequeno, com a plumagem muito apertada raras vezes é do gosto do juiz.

5.4. Não há nada de mal em se usar um corona para produzir consortes, é isso que faz a maioria das pessoas. Mas assegure-se que o corona usado seja de uma boa linha de consortes. Como é muito difícil avaliar o impacto de uma corona na cabeça de um consorte, você deve confiar nos parentes próximos do corona como indicador.

5.5. Haverá sempre excepções a uma regra, mas na maioria dos casos alguns casais produzem melhores consortes e outros produzem melhores coronas. Isto é verdade ainda dentro de uma mesma linhagem. Os criadores de gloster devem estar atentos a esta realidade para que a possam entender e utiliza-la de maneira vantajosa.

5.6. Se seu objectivo é produzir o melhor corona possível, então as regras são invertidas, por exemplo, você deve usar os consortes mais estritamente relacionados com seu melhor corona. A maior parte desses consortes nunca servirá para concurso. Mas, se você deseja ter sucesso deve aprender esta técnica, porque de outra maneira, não importa a quantidade de bons coronas que possua, sistematicamente os destruirá usando seus “melhores” consortes.

5.7. Utilize sempre os consortes que são os que mais próximos se relacionam com seus melhores coronas. É importante, inclusive, não avaliar as qualidades principais nestes consortes, já que não é este seu propósito mas sim atingir coronas de excepção.

6. Conclusão

Já que a dificuldade em produzir um corona perfeito te força a um compromisso, na selecção rigorosa do seu plantel de coronas, deve ser muito mais crítico com a forma do corpo do consorte, porque caso eles estejam a ser mal usados nunca conseguira compensar algumas debilidades verificadas no seu corona.

Quer dizer, sendo o objectivo conseguir boas coronas, pode ter que tolerar outras falhas nos seus reprodutores coronas, mas essas falhas nunca devem ser encontradas em seus consortes.
As regras acima indicadas podem parecer muito óbvias, mas conseguir aplica-las todas ao mesmo tempo, será certamente um exercício de paciência interessante.

Robert Larochelle, Revised 2006

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SELECÇÃO DE REPRODUTORES E FORMAÇÃO DOS CASAIS

Um dos pontos mais difíceis na criação de uma qualquer ave chega no momento de seleccionar os reprodutores. Qualquer selecção errónea pode fazer-nos retroceder vários passos atrás na nossa linha de selecção. Esta pode ser uma tarefa que dá muitas dores de cabeça a muitos criadores desta raça e apenas aqueles que verdadeiramente a trabalham podem ter a tarefa mais facilitada no momento de seleccionar, uma vez que quase todos os seus exemplares procedem do seu canaril e por conseguinte sabem, quase de antemão, aquilo que pode resultar de cada exemplar. Para aqueles que ainda não têm uma linha estabilizada (como é o meu caso) acaba por ser um jogo de apostas, mas sempre tendo em conta algumas noções básicas de acasalamento, as quais tentarei explicar.

Um conceito fundamental é, antes de iniciar, saber aquilo que temos, o que queremos e onde queremos chegar com o gloster. Devemos ter uma imagem mental do fenótipo ideal do gloster (extrutura externa do gloster, o que vemos por fora quando observamos um pássaro). Saber que tipo de gloster queremos. Actualmente não existe tanta controvérsia como à escassos anos atrás. Quase todos os criadores tem uma ideia comum do gloster ideal, apesar de haver quem procure mais volume, outros preferem pássaros pequenos, outros que procuram “bolas de ténis”…enfim, cada um tem as suas preferências.

Depois de sabermos aquilo que queremos obter devemos escolher os reprodutores que mais se assemelham e esse fenótipo, e quanto menores forem as falhas nos fenótipos melhor. No caso de existirem falhas em alguma parte do corpo devemos utilizar o método de compensação na escolha do casal, ou seja, que um tenha em virtude aquilo que o outro não tem, e se essa virtude for exagerada melhor ainda. Em genética rege a lei da compensação.

Muitos dirão que não será bem assim, claro que não, existem muitos outros factores a ter em conta, mas este ponto é a base no momento de seleccionar.

Quando nos encontramos perante alguns desses erros no exemplar devemos saber se são hereditários para a descendência ou se pelo contrário não passam geneticamente. Torna-se um pouco difícil de explicar. Existe por exemplo factores como a parte ossea, que pode ser trabalhada atraves da compensação. Uma cabeça pequena pode ser trabalhada com uma grande ou mesmo exagerada para dar cráneos mas ajustados ao nosso ideal. Com o tamanho ocorre algo semelhante. Depois existem outros elementos de selecção como a plumagem. Este é um dos factores imprescindíveis e por sua vez o mais difícil no gloster. A plumagem é o manto que recobre o gloster, o que dá a forma característica a este canario, que o moldea, que o faz parecer maior, mais pequeno, mais volumoso ou mais estreito…muitas coisas.

Trabalhar a plumagem é o factor mais importante e para isso devemos de ter algumas noções claras.

Começaremos sempre por trabalhar com a plumagem base. Esta é a verde, a principal em todas as cores de plumagens, ja que é a mais trabalhada e a que pelos seus elementos, características e textura poderemos introduzir em qualquer cor. Todos os bons criadores de Glosters têm esta cor de plumagem. Existem três categorias tal como todas as aves ornamentais: intenso, nevado, e mosaico (esta última não se dá em todas as raças, já que é devida a uma mutação). Teremos assim dois tipos de pena: pena larga e curta, distinguindo-se cada uma em suave ou dura quanto à textura. À cerca deste assunto poderia-se e deveria-se escrever um livro. De momento apenas serão mencionados alguns conceitos, para que todos possamos asimilar bem (refiro-me aos novatos neste mundo).

Uma vez dito tudo isto tentaremos juntar sempre exemplares compensatórios, ou seja, o que falta a um é compensado pelo outro, conseguido-se assim exemplares intermédios com os quias é possível ir trabalhando ou manter o que de bom conseguimos
Quanto à cor da plumagem, será assunto para outra ocasião, já que é um assunto complicado que poderá baralhar ainda mais os leitores.

De seguida seguem-se exemplos de compensação na selecção de dois casais de reprodutores, pertencendo os exemplares a um magnífico criador da raça, Rene Alssema.

Casal n.º 1 (o macho corresponde à primeira foto)

Casal n.º 2 (o macho corresponde à primeria foto)


Artigo retirado do site http://burillo.skyrock.com/