domingo, 26 de fevereiro de 2012

A IMPORTÂNCIA DO TAMANHO NO GLOSTER

Tamanho e história do gloster
O pequeno tamanho no gloster sempre foi um aspecto importante ao longo da história de criação deste canário. Inclusive a grande razão para a criação da raça gloster durante o ano de 1920 foi a de produzir um pequeno canário com coroa.
Esta foi a razão que levou a fundadora do gloster, Mrs Rogerson, conhecida criadora de Gloucestershire em Inglaterra, a seleccionar tal ave, este não apreciava de todo o tamanho exagerado do canário Crested, e começou a sua busca por um canário pequeno coroado.
Assim o pequeno tamanho tornou-se a linha mestra de selecção para Mrs Rogerson, e deveria ser também o principal aspecto de selecção dos restantes criadores que seguem os seus passos. Podemos assim dizer que é o tamanho do gloster que o distingue do canário Norwich ou Crested e se isto não for tido em conta não existe razão para separarmos este das raças anteriormente citadas.
Nos tempos modernos o tamanho tem sido um dos tópicos mais controversos entre os criadores de glosters. Quando falamos de tamanho, falamos do comprimento desde o bico até à ponta da cauda, no gloster deve ser o mais curto possível, mantendo o corpo, a forma pois actualmente buscamos um canário potente. Durante os últimos 40 anos um grande número de criadores de glosters, fizeram grandes melhorias na criação, surgiram as coroas redondas, longas e com poucas falhas, melhorouse a cor e a qualidade da plumagem e mais recentemente corpos redondos que dão ao gloster uma distinta e particular forma. No entanto durante este período de rápida evolução, houve períodos em que a raça para evoluir nos pontos atrás assinalados, se descurou ligeiramente a questão tamanho. Por exemplo quando começaram a aparecer os primeiros glosters com coroas cadentes todos os vencedores procuraram trabalhar as mesmas, o que fez com que outras características fossem menosprezadas, incluindo o tamanho.
Esta tendência para dar pouca importância ao tamanho é um problema bem maior se compararmos a Inglaterra com o resto da Europa, criadores do continente, especialmente da Bélgica, sempre tiveram como prioridade o tamanho. Conseguimos ver ainda hoje que essa preocupação continua, com as recentes alterações COM de alocução de pontos com bastante ênfase para com o tamanho dos glosters. Outra grande diferença é que o sistema COM tem como ideal 11,5 cm, enquanto que na Inglaterra tal não existe no nosso standard, que diz simplesmente “tendency to the diminutive”, frase muito aberta a distintas interpretações.


Tamanho e criar bests in show
Quando tentamos criar glosters para vencer exposições, estamos a tentar produzir uma ave com excelente tipo/forma, isto significa ter uma coroa sem faltas, associado a uma boa queda de pena, redonda e com o tamanho apropriado, associado a um pescoço curto e a um corpo redondo e poderoso. Uma ave com todos estes aspectos é um Gloster fantástico! Contudo é muito mais fácil obter todos estes aspectos numa ave maior uma vez que podemos usar plumagens longas e curtas para aumentar cabeça, largura de pescoço e corpo nos nossos casais. È fácil de ver quanto é fácil obter tipo/forma numa ave maior ao analisarmos aves de exposição como por exemplo o Crested ou mesmo o Norwich, bons exemplares destas raças têm cabeças, coroas e pescoços que ultrapassam em muito o que obtemos no gloster, no entanto, tal só é conseguido num conjunto geral maior. Na realidade o que torna difícil a criação do nosso gloster é o facto de tentarmos ter tipo/forma numa ave pequena.
Neste aspecto só alguns criadores experientes conseguem produzir glosters pequenos mantendo o tipo/forma e cabeça que todos amamos.
No entanto se permitirmos que aves maiores vençam shows, estamos a fazer com que criação de aves vencedoras seja mais fácil, e de certa forma não estamos a valorizar a habilidade e destreza de certos criadores em combinar tipo/forma num tamanho pequeno.
Se concordamos que é no pequeno tamanho que reside o desafio de criar bons glosters então temos de dar o mérito a esses criadores nas exposições.
Um gloster que seja curto desde o bico à cauda automaticamente parece melhor que uma ave cumprida, isto porque ao ser curto faz com que este pareça mais compacto fazendo com que corpo e pescoço pareçam melhor, mais compactos. No entanto é essencial que seja curtos por natureza, existe uma longa e indistinguível historia à volta de criadores de gloster devido a cortarem caudas de forma a parecem mais curtos. Esta prática é .... uma falta, tal como um centro da coroa deslocado à frente.
Ao cortar a cauda o criador está a admitir que não conseguiu combinar tipo/forma e tamanho o suficiente, logo ao cortar a cauda está a tentar bater um colega que produziu uma ave melhor sem recurso a artifícios.
È importante que os juízes tenham a coragem de desclassificar aves que tenham caudas alteradas e mostrar claramente a razão de desclassificação da ave, se o juiz não tomar tal atitude então criadores honestos podem desistir de criar glosters ou começarem também a fazer batota.

O Futuro
No último ano em Inglaterra a mensagem era para que aves grandes vencessem cada vez menos exposições. No entanto, continuam a haver demasiadas aves grandes a bater pequenos glosters que estão mais próximos daquilo que deveríamos procurar na raça. Existem também criadores noutros continentes e na Europa que estão a ficar preocupados com o aumento do tamanho dos glosters nas exposições.
Países como Portugal e Espanha onde a criação do gloster aumentou rapidamente em popularidade são os criadores do futuro, com muitas e excelentes aves criadas que levaram o Gloster para outros níveis. Seria excelente se estes criadores estudassem alguns dos erros cometidos pelos criadores Ingleses nos últimos 40 anos de forma a poderem evitar alguns problemas que possam surgir nos próximos 40 anos.

Artigo Retirado da Revista “ O gloster n 12”
Autor: Rob Wright

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ENTREVISTA AOS CAMPEÕES DO MUNDO TERESA CRESPO E ANTÓNIO FERRÃO

Olá a todos. É com grande alegria que escrevo este post. Após os mais recentes feitos no mundial de Almeria fazia todo o sentido fazer uma entrevista a estes dois grandes criadores de glosters. O desafio foi aceite e cá estou eu para partilhar com vocês a entrevista aos mais recentes campeões mundias: Sr António Ferrão e Sra Teresa Crespo.
Quero também aproveitar para mais uma vez felicitar estes criadores por tão bem representarem o gloster além fronteiras.

Nome: Teresa&Antonio Ferrão Gloster Fancy

Cidade:Cova da Piedade – Almada - Portugal
Contacto: zecouves@gmail.com

1. Como começou este gosto pela Canaricultura?

Por a minha esposa Teresa ter um rosicolis(macho) e eu achar que ele estava muto sozinho..:-)


2. Qual ou quais foram as tuas maiores dificuldades quando iniciaste?

Na altura, já lá vão 10 anos, muita falta de informação, tanto pela net como nos clubes.


3. Qual foi a raça com que começaste este hobby?

Como qualquer um, canários pios.


4. Quais são as variedades que neste momento crias?

Apenas e só Gloster Fancy


5. Actualmente quantos casais de canários tens?

Entre 20 a 25 casais.


6. Qual ou quais as raças que mais te fascinam e porquê?

O Gloster Fancy, devido à sua beleza e variedade. Por um lado temos Consort e Corona, por outro criamos com as diversas cores (verdes, amarelos, brancos, azuis, canelas, fawn, etc.), para além disto, temos ainda que conjugar as diversas qualidades da pena (nevados, intensos, etc.). Como podem ver, dentro da mesma raça temos uma variedade imensa de conjugações o que constitui um verdadeiro desafio para alcançarmos o Gloster “perfeito”.

7. Usas nos acasalamentos casal certos, ou utilizas um macho para várias fêmeas? Se sim quantas fêmeas metes ao mesmo macho?

As duas coisas , no segundo caso tanto posso meter duas como quatro .


8. Qual o teu método de selecção de casais? Guias-te pelo aspecto exterior da ave, pelas suas características visíveis (fenótipo) ou recorres à genética (saber quem foi o pai, mãe, avós…)?

Das aves nascidas no meu canaril sigo a genética. Dos que adquiro, pelo aspecto da ave.


9. Qual a mistura base que utilizas neste momento?

Bayers


10. Manténs essa mistura todo o ano ou varias de acordo com a época?

Todo o ano.


11. Que tipo de papa(s) utilizas? Como é administrada? Dias em que dás a papa?

Cede, todos dias dou papa.


12. Vitaminas e outros aditivos alimentares, mistura-los na papa ou na água?

Todos os produtos misturo na papa, sabendo que na água era melhor.



13. Qual ou quais as marcas que gostas de usar?

Apenas e só da marca The Birdcare Company


14. Qual o tratamento preventivo que utilizas para os reprodutores?

Depois de mandar as fezes para laboratório, aquilo que o medico recomendar.


15. Para os parasitas, nomeadamente o piolho, o que utilizas?

O tradicional, caniaves dentro das forras dos ninhos e nos fundos das gaiolas, duas ou três gotas deTRAVIPHARMA - BIRD PARASITES
também nos ninhos, e banhos com Herba Air.

16. Em que altura nomeadamente acasalas os canários? E desde quando tens os machos separados?

Depois de uma preparação no mínimo de 8 semanas, o acasalamento fica para perto de finais de Março.


17. Quantas posturas permites numa época de criação?

Duas. Ou três consoante a quantidade de aves já nascidas.


18. Normalmente separas os filhotes com quantos dias?

30 dias, ou quando vejo que os pequenos já comem sementes sozinhos.


19. Algum tratamento específico para acompanhar as crias no desmame?

Sim claro, uso dois produtos Guardian Angel+Bio PLus da marca já mencionada.


20. No último ano qual a média de crias que tiveste no final da época de cria?

No total de 70 aves no final da criação.


21. Como fazes a preparação das aves para as Exposições, isolas as aves individualmente, tens espaço para tal?

Sim, machos estão sozinhos e femeas estão nas gaiolas de 1,20 com 4 aves cada.


22. Participas normalmente em que exposições?
Participo nas expos de comparação que se fazem em Portugal...Clube de Postura de Valongo, as One day Show realizadas por socios do GCP , o Nacional de Gloster organizado pelo GCP...as vezes participo nos Internacionais COM, no NAcional COM e vou aos Mundiais.


23. Quais os teus objectivos na canaricultura?

Ser o melhor.


24. Que características tem o teu canaril? (breve descrição)

É um modulo pre-fabricado, com 7,35 de frente, por 2,50 largura e 2,50 de altura.


25. Qual o país que consideras mais avançado actualmente a nível da canaricultura nomeadamente a nível de canários cor, porte e canto?

Italia.



Questões exclusivas para criadores de glosters

26. Qual a cor no gloster que mais aprecias?

AZUL.


27. Quistos? Que criador de glosters nunca os teve!! Um problema que lidas facilmente ou um problema?

Todos os criadores de Glosters já se depararam com quistos nas suas aves, mas penso que não seja propriamente um problema, desde que tenhamos cuidados com os acasalamentos.


28. Tens intensos no plantel? Consideras os intensos uma ferramenta importante para melhorar a plumagem, ou conjugas diferentes tipos de pena nevada?
Tenho, ou melhor sempre os tive desde o ínicio, e sim , tento conjugar esses factor.


29. Em relação aos canelas, usas-o com alguma finalidade em especial?

Ainda não.



30. Em qual destes parâmetros julgas ser mais complicado atingir a perfeição? Tamanho, plumagem, coroa ou corpo.
Todos, todos contribuem para um bom Gloster.


31. A base do teu plantel resulta unicamente de aves adquiridas a criadores portugueses, ou já recorreu a aves de criadores estrangeiros? pode referir nomes?

O meu canaril começou com aves de criadores portugueses (Carlos Gião) e mais tarde (Vitor Dias), para além destes tenho algumas (mas poucas) aves de dois grandes criadores do Mundo os Sr Marc Kayser e Jean Pierre Devignon.


32. Em Portugal daquilo que conheces com qual de identificas mais? E a nível internacional. Podes referir criadores que já desistiram do hobbie ou que tenham morrido.

Com as aves do criador Vitor Dias. A nível internacional gostaria de alcançar o nível dos criadores acima referidos.


33. Há algum conselho que queira deixar para quem inicia este hobby nomeadamente a nível da construção do canaril, da aquisição de material (gaiolas) e de pássaros?

• Ter tempo;
• Ter dinheiro para comprar umas boas gaiolas e uns bons pássaros;
• Visitar muitos canaris de criadores experientes;
• Saber ouvir e aprender com os outros;
• Participar em exposições, pois é assim que aprendemos a avaliar correctamente as aves que temos em casa, dado termos a oportunidade de as comparar com as de outros criadores.