sábado, 26 de fevereiro de 2011

TUDO A POSTOS

Olá caros seguidores...
Antes de mais espero que a época de criação tenha arrancado da melhor maneira, para aqueles que já a iniciaram. No meu caso, ainda não se iniciou. como não disponho de iluminação artificial nem de termoventiladores, estou à espera que as condições naturais se tornem favoráveis para dar inicio a esta época de criação...entretanto, resta-me preparar as aves, e o todo o material para que tudo esteja pronto na hora H. Hoje aproveitei para juntar os casais nos viveiros de criação com a separação em rede para se irem conhecendo e habituando um ao outro. já que os tive de apanhar um a um, aproveitei para cortar as penas à volta da cloaca, cortar unhas, e cortar um pouco as coronas. Parece que não mas ainda dá trabalho. No ano passado criei com 6 casais de gloster, este ano vou criar com 19 casais de glosters. como se percebe vai ser uma forte aposta nesta pequena "bolinha de penas". Devo confessar que senti algumas dificuldades em fazer os casais, existem alguns factores que ainda não domino como desejaria, estou a falar claro está, da qualidade da plumagem, que tantas dores de cabeça dá aos criadores de glosters. Dava-me jeito a ajuda de um bom criador com experiência para me ajudar na selecção dos casais, mas como estou longe de tudo e todos, lá tive que me desenrascar sozinho...Fiz os casais mediante aquilo que sei, só o resultado final dirá se as escolhas foram acertadas. vou aproveitar também para fazer algumas experiências: ao longo da época vou trocar alguns casais para tentar perceber através dos resultados quais as melhores conjugações de plumagens...para além dos 19 casais de glosters, tenho ainda um casal de arlequins, uma pequena brincadeiras para ver no que dá...
Se a preguiça não me atacar vou tentar por umas fotos dos meus casais.
Boas criações para todos os leitores.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA AO CRIADOR FERNANDO SILVA VENCEDOR DA EXPOSIÇÃO DO GCP 2010

Olá chamo-me Fernando Silva, resido em Gulpilhares, comecei a criar em 96 com dois casais e andei cerca de 4 anos a criar com 4 casais, só a partir de 2000 é que aumentei para 12 casais depois aumentei para 20 e nos últimos 4 anos crio com 45 fêmeas. Tiro uma média de 180 a 200 pássaros por época com dias posturas.

2. Que tipo de alimentação utilizas? Alpista, mistura light…

A base da alimentação é 6 partes de alpista e duas partes de perilha todo o ano, é a alimentação que dou, forneço é papa com germinado todos os dias do ano, depois corto no acasalamento aos machos gradualmente para não se irem abaixo e emagrecerem. Enquanto estão nas voadoras com as fêmeas estão muito bonitos e gordos, nesta altura começo a cortar até que um mês antes de juntar deixo de dar germinado com papa.

3. Que tipo de papa dás aos teus glosters?

A papa que utilizo é da Cede seca que é das melhores papas do mercado, e a nível de qualidade preço é das melhores, as sementes é da Manitoba e a perilha igual quando consigo arranjar. É uma marca Italiana, que para mim é do melhor que existe actualmente. Consegui que o fornecedor que me fornece as sementes fizesse uma encomenda e actualmente um grupo de criadores utiliza este tipo de sementes.

O germinado costuma passar por água antes de juntar à papa para que esta fique fofa. Algumas pessoas juntam este seco mas mesmo quando guardo no frigorífico passo sempre por água e escorro, embora já saiba que 90% da papa vai para o lixo. Eles comem o que lhes agrada e ao fim do dia retiro.

4. Frutas ou/e verduras? Dar ou não dar?

Não, nada, em tempos cheguei a dar brócolos triturados, mas com a papa as fezes dos pequeninos, principalmente, ficavam muito liquidas o que inclusive provocava diarreias em alguns ninhos muito sujos. Nos últimos dois anos não dou qualquer tipo de verdura ou fruta. Tenho medo porque saio cedo de casa e a fruta passado uma ou duas horas já esta castanha, o que não é nada bom para os pássaros. Uma boa base de alimentação aliada a umas boas vitaminas e não precisam mais nada, utilizo o Prime um produto para papagaios.

5. Adicionas proteína extra à papa de criação, se sim qual?

O que uso desde a criação até que acaba a muda é o tal Prime. É o composto que conheço mais completo do mercado, com vitaminas, cálcio, minerais, probióticos… é da melhor coisinha que anda aí. Muitos dos criadores com quem tenho falado a partir do momento que utilizaram não querem outra coisa, é fácil de utilizar, é simples, colocas na papa, não o utilizas na água pois tudo o que colocas na água passado 3 a 4 horas não presta e os pássaros bebem menos na criação. Se os pássaros bebem menos, comem menos, e logicamente dão menos comida aos filhotes. À coisa de 5 anos que não utilizo nada na água. Só uso na água antibióticos por ser mais rápido o efeito.

6. Tratamentos sim ou não, e quando?

Não faço tratamentos conforme comentei, utilizo simplesmente antibióticos quando vejo que é necessário tratar alguma debilidade de alguma das minhas aves. Sou contra isso porque nós também não tomamos antibióticos para nos salvaguardar de qualquer doença. Se não estão doentes, não precisam de levar com antibióticos pois isso leva os pássaros abaixo. E podes ver vários criadores com esquemas, com semanas de tratamentos e depois fêmeas morrem a pôr ovos, os machos não galam, os pássaros ficam meios adoentados, porquê? Porque é antibiótico em cima de antibiótico em cima de antibiótico… eu não faço nada disso e tenho uma média de 5 a 6 pássaros por ano em duas posturas sem usar amas. Em minha casa não existem rafeiros, criam ou não criam.

7. E piolho utilizas algum produto para o prevenir?

É a coisa mais fácil de controlar, para mim e para toda a gente, o piolho é das coisas mais fáceis, de controlar em qualquer tipo de ave, com Frontline dos cães e dos gatos, uma seringa de dar insulina, uma gota de 6 em 6 meses em cada pássaro na covinha de pele entre a asa e o pescoço junto às veias. O pássaro pode estar crivado de piolho no dia a seguir está limpo e o tabuleiro cheio de piolho morto. Já não tenho piolho à que tempos, um mês antes da criação dou e depois novamente em Agosto quando os junto novamente em voadouro.

8. Reprodução inicias sempre na mesma altura?

Não, normalmente depende do tempo, já houve anos em que juntei em Janeiro pois as fêmeas estavam muito adiantadas, ultimamente tem vindo sempre a atrasar pois o tempo tem vindo a ficar mais frio em Janeiro e Fevereiro. E depois temos muito calor na altura da muda e os pássaros fazem uma muda muito fraca pois em Setembro, Outubro está muito calor. Os pássaros chegam a Novembro ainda a mudar, e o tempo seco faz com que a pena não rebente como deve ser. O ano passado juntei a 16 de Fevereiro e este ano possivelmente mais tarde pelo que estou a ver do tempo. Mas como faço simplesmente duas posturas mesmo que comece em Março, tenho muito tempo.

9. Costumas ter muitos ovos vazios?

Alguns, alguns, principalmente na primeira postura, naqueles machos que ainda não estão magros, vão para cima da fêmea galam mas não enchem nada. Devido às fêmeas que estão mais atrasadas a fazer ninho e a pôr faz com que o macho engorde durante essa altura pois está a comer papa da fêmea. Geralmente pego nesses machos e coloco nas voadeiras junto com outros a alpista simples, como brigam entre eles emagrecem rapidamente e volto a juntar à fêmea para uma segunda postura. Vitamina E dou através do Níger germinado que não os engorda e coloca em forma. Corto na papa mas continuo a dar Níger aos machos 3 vezes por semana.

10. No acasalamento usas uma fêmea para cada macho?

Aqueles meus melhores machos que me dão os melhores pássaros podem galar duas a três fêmeas.

11. No último ano qual a média de crias que tiveste no final da época de cria?

Tenho casais que não tiram nenhum filho, mas também tenho aqueles lotes de fêmeas que fazem quatro posturas que simplesmente estão em cima dos ovos de plástico. São elas que me dão os melhores pássaros. E os outros vão criar. Mas atenção, nenhuma fêmea cria mais do que duas posturas mesmo que não sejam delas.

12. Desmame, alguma dica? Usas algum medicamento nesta fase?

O desmame é feito por volta dos 30 a 35 dias dependendo de quando colocas a papa verifiques que pegam bem. Depois coloco estes nos voadouros mas divididos a meio e coloco a alimentação que tinham quando juntos com os pais, pois muitos ainda têm dificuldades em descascar as sementes. Mas o segredo está em fazer pequenos grupos em voadouras pequenas. Cinco ou seis em cada voadoura e mais tarde abre-se a voadoura e deixa-se então doze pássaros juntos quando já descascam bem as sementes.

13. Como fazes a preparação das aves para as Exposições, isolas as aves individualmente, tens espaço para tal?

No meu canaril não tenho hipóteses de separar as minhas aves, porem acho que geneticamente tenho uma linha de pássaros muito mansa, isso já vem desde pequenos pois dou palitada aos meus pequenos até estes saltarem do ninho. Isso habitua os pássaros ao contacto com as mãos do criador. Os pais ficam mansos, os filhos ficam mansos, e ao longo de seis, sete, oito anos a tua linha de criação geneticamente são mansos. Quando tirei as aves da voadoura para tirarmos fotos pudeste observar que são calmos e vinham da voadoura. Creio que o meu “segredo” está na genética das minhas aves. Ao tirar 200 glosters torna-se difícil gerir e tenho consciência de que muitas das vezes sou penalizado pois tenho alguns pássaros que se estragam, mas mesmo assim não me posso queixar.

14.” Por norma quanto maior a qualidade dos glosters, mais difícil é conseguir que se reproduzam e pior são as fêmeas no que respeita a serem boas mães e alimentarem bem.”

Concordo com a afirmação, mas creio que se passa em todas as raças. Quanto maior a qualidade, pior criam, mas aí sem querer consegui criar uma linha genética de boas criadoras, as fêmeas que toda a gente leva de minha casa criam bem. Pois como não uso amas todas as minhas aves criaram, as avôs criaram, bissavôs criaram, as mães criaram… só não criam aquelas que eu não deixo por serem pássaros muito bons, mas se quiser deixar elas criam. Com o passar dos anos a minha linhagem de glosters é boa e mantêm a qualidade reprodutiva. Não quer dizer que em 45 fêmeas tenha cinco ou seis que olham para os filhotes e comida nada. Mas cerca de 90% criam sem problema algum.

15. “O mais belo gloster aparece no segundo ano idade”

Sim concordo e em especial com os canários de porte, o canário de porte geralmente ao segundo ano ganha mais corpo, mais forma, torna-se mais bonito, o que não quer dizer que existam pássaros muito bons no primeiro ano e que no segundo se tornam menos bonitos, pois vão crescer mais. O gloster de uma forma geral no segundo ano torna-se mais bonito.

16. “o standard de uma ave é uma utopia. Algo que na realidade não existe. Uma ave tem sempre falhas. Neste contexto, uma ave deve também ser penalizada pelo seu tamanho, ou seja: se o gloster deve ter tendência para o diminuto, a cotação nunca poderá ser máxima nesse item, porque nenhum gloster razoável consegue ser excelentemente diminuto. Qualquer gloster diminuto será péssimo ou acima da média nas restantes características e por esse motivo aves diminutas nunca apareceram expostas”

Concordo totalmente, e os melhores glosters que tenho visto rondam entre os 12 e os 12,5 cm. Porque no global são mais completos, aqueles que têm 11 cm por regra têm pouco corpo, pouca cabeça e coroas miniatura. Não considero que essas aves sejam glosters, este deve ser visto no global e se tiver de ser penalizado no tamanho que o seja, mas uma ave entre 12 e os 12,5 cm certamente terá melhor corpo, melhor cabeça e melhor corona, logo tem de ganhar aos outros.

17. Quistos? Que criador de glosters nunca os teve!! Um problema que lidas facilmente ou um problema?

Nos primeiros anos de criação quando eu criava com glosters descendentes de criadores portugueses tinha muitos quistos nos filhotes, nos reprodutores, aquilo era terrível, em cerca de 50 pássaros tinha 20 com quistos no rabo nas asas. A partir do momento que adquiri pássaros belgas, os quistos quase desapareceram. Este não em 203 pássaros novos e 80 reprodutores tive 6 aves com quistos, sendo 3 adultos. Creio que é muito bom tendo em conta que tenho muitas aves com plumagem no limite. Creio que existe uma relação genética e que as aves que adquiri na Bélgica geneticamente já estavam trabalhadas a nível de plumagem que se foi transmitido de geração em geração.

18. Tens intensos no plantel? Se sim qual a percentagem.

Sim tenho, adquiri os meus primeiros intensos à três anos. Um pássaro Inglês não com o intuito de melhorar a plumagem dos meus glosters, mas sim em tirar intensos para poder participar nas classes dos intensivos e de poder tirar prémios nessas classes unicamente. Não acho que o intenso seja fundamental para trabalhar a plumagem de um gloster. Se conseguires trabalhar nevados de pena curta com nevados de pena longa consegues tirar pássaros com mais forma sem te tirarem aqueles flancos. Hoje em dia já encontras glosters nevados muito bons com pena curta que podes utilizar para melhorar as plumagens sem perder forma. Pois creio que os intensos que usamos para melhorar a forma são muito finos e cerca de 50% dos filhotes perdem a forma.

Não acho que seja fundamental no canaril, eu tenho seis intensos em oitenta reprodutores e uso estes com o intuito de criar intensos para expor e não com o intuito de melhorar as plumagens. Prefiro usar nevados de pena rapada e brilhante para melhorar os nevados com a plumagem mais baça e farfalhuda.

19. Em qual destes parâmetros julgas ser mais complicado atingir a perfeição? Tamanho, plumagem, coroa ou corpo.

Para mim o tipo, pois teres um gloster curto com muito peito, costas e cabeça larga não é fácil, e temos poucos criadores em Portugal que os têm e mesmo pela Europa fora poucos são os criadores que conseguem conciliar todos estes aspectos. Realmente os que o têm são aqueles que ganham os Mundiais. Existem muitos pássaros de boa plumagem, boas coroas, agora o tipo é difícil de pôr e manter.

20. Quando te iniciaste no hobbie aceitaste facilmente os verdes, ou foi complicado resistir a ter variedade de cores?

Ao início gostava de brancos com coroa cinzenta, de amarelos, mas quando comecei a querer criar aves para exposição cheguei à conclusão, quer pelos conselhos de outros criadores a quem comprava glosters na altura, de que os verdes eram o caminho a seguir para conseguir pássaros para expor. Pois o verde é o que dá melhor textura de pena e com isso advêm melhor coroa e forma. Com brancos, amarelos e canelas é complicado e para conseguir um gloster bom nessas cores temos de tirar muitos, e a melhor ave retirada dessas cores não te garante bons descendentes. Podemos criar cores para quem gostar, mas nunca pense que vai conseguir um branco com a mesma plumagem e forma que um verde. Dentro do gloster a classe que prefiro são as fêmeas coroas, pois considero que são as que têm melhor forma, as que eu tenho de melhor no meu canaril e que têm maior possibilidade de vencer uma exposição verde ou variegadas. Os juízes gostam de dar o primeiro prémio ao coroa e dentro dos coroas como as fêmeas são mais pequenas e conseguem ter mais forma que os machos, por isso geralmente ganha uma fêmea. Por essa razão preocupei-me em ter uma linha de fêmeas boas para expor.

21. A base do teu plantel resulta unicamente de aves adquiridas a criadores portugueses, ou já recorreu a aves de criadores estrangeiros?

Nos primeiros anos foram simplesmente de criadores portugueses, a partir de 2000 quando adquiri os primeiros 4 casais do Kris Claes desfiz-me de todos os casais que tinha de portugueses que eu achei que não eram parecidos com aquilo. A partir desses 4 casais tirei 64 pequenos que me permitiu cruzar entre eles e fui adquirindo algumas aves através do Jorge Quintas, que foi uma pessoa com quem aprendi muito e que durante muitos anos me ensinou a fazer os casais. Como conhecia muitos criadores ele sabia de criadores que tinham gloster de linha Belga em Portugal, caso do Celso, e do Ignacio e arranjava-me pássaros para entroncar, também já tive pássaros do Marc de Keiser mais uma vez através do Jorge, e mais tarde no ano que Kris Claes morreu consegui adquirir dois casais e foi então que dei um salto enorme, essencialmente a partir de um macho que me deu pássaros excelentes. Hoje em dia 90% do meu plantel além de ter a minha anilha tem mais de 50% de sangue Kris Claes. Considero mesmo o Kris como o melhor criador de glosters que tive até ao momento oportunidade de conhecer.

22. Em Portugal daquilo que conheces com qual de identificas mais? E a nível internacional. Podes referir criadores que já desistiram do hobbie ou que tenham morrido.

Em Portugal o tipo de gloster que eu gosto e que é mais parecido com o meu, são os do Victor Dias, do Augusto e do António Morais que são realmente muito bonitos a nível de plumagem. No estrangeiro para mim o Kris Claes é a referência e creio mesmo que ainda não existe ninguém actualmente que apresente aves perto do que ele tinha. Gostava também muito das aves do Marc de Keiser antes de ele se meter nas plumagens. Nessa altura tinha aves muito curtas e redondas com muita forma. Na actualidade creio que o Jean Pierre e o René Vercammen vão dominar o Mundo dos gloster na Bélgica. A nível de outros países como Itália tem um tipo de gloster da qual não sou propriamente adepto, creio que têm glosters maiores com muito boa forma mas com a plumagem no limite.

Dos pássaros Ingleses sinceramente os do Glenn Beach e do Kev Sloakes são os pássaros que aprecio, os demais fogem um pouco do pássaro que gosto. São glosters com rabos grandes, patas altas, deitam muito farfalho de pena, só têm a meu ver muita cor e muito boas plumagens de resto não são atractivos. Não quer dizer que não haja algum criador mais com quem me identifique. Ainda recentemente tive oportunidade de ver fotos do IGBA e cerca de 70% dos pássaros não me diziam nada.

23. Com que país te identificas actualmente no que concerne o gloster ideal?

A Bélgica, é o único país que quanto a mim tem o gloster mais completo, pequeno com muita forma, e com boa plumagem (alguns criadores). Conseguiram pôr o gloster mais perto do standard exigido.

24. No futuro que ambiciona, voltar a ser campeão no GCP? Ser campeão nacional ou mesmo Mundial?

Eu procuro atingir o meu ideal de gloster mas não unicamente um pássaro mas sim fazer e criar uma linha de glosters muito parecidos e homogéneos. O meu objectivo não é a Exposição do GCP ou a de Freamunde porque isso sinceramente não é o auge, mas sim criar glosters para expor no Mundial. Um dos meus objectivos é um dia conseguir tirar não um prémio num Mundial mas conseguir ter uma linhagem de pássaros que possam pontuar bem e tirar algum prémio todos os anos como acontece com alguns criadores belgas actualmente.

Chegar a um GCP, e Freamunde e tirar uns prémios não é nada de especial tal como não o é ganhar um prémio um ano num mundial e depois andar 6 anos sem pontuar é pura sorte.

A ambição de um criador está em tentar chegar lá, pois senão não consegue nada, ou pensa alto ou não vai longe. Um bom criador vê-se na globalidade das suas aves e não num pássaro que vence uma exposição. Para ganhar um Best basta um pássaro que não quer dizer que tenhas uma boa linha, podes até ter um só casal e vencer uma exposição como a do GCP. Pois assim como apareces desapareces. Criar uma boa base é o mais difícil de criar e manter para vencer ano após ano, como os grandes criadores fazem lá fora.

Agradeço a entrevista e a tua disponibilidade e aproveito para deixar aos noviços um texto sobre o gloster que espero venha ajudar a clarificar o que é um bom gloster. Um bom gloster tanto tem de ser bom no GCP como na COM.

“Muitos criadores e expositores, como eu, estão preocupados com a dramática mudança que na minha opinião está a destruir o hobbie.

Tem-se assistido nos últimos 5 ou 6 anos, a cada vez maior ênfase na qualidade da plumagem esquecendo porém o tipo, e isto, na minha opinião esta a sufocar este hobbie. A cada vez maior ênfase na qualidade da plumagem em oposição ao tipo, está na minha opinião a fazer com que muitos colegas estejam a desistir, em particular os noviços, pois cada vez mais confusos com os diferentes exemplares apresentados e justificados pelos mais diversos criadores. Conheço alguns casos, que mediante certas influências dadas por criadores, puseram em prática a opinião dos mesmos e arruinaram o seu canaril num ano, sendo a consequência o desistir ou tentar remediar os danos causados.

A verdade é que, infelizmente, também se vê este tipo de glosters a vencer exposições no final, então não serão com toda a certeza só alguns expositores que se encontram equivocados, mas também alguns juízes.

Nunca poderemos esquecer que o Gloster é um canário de porte/forma e não um canário de plumagem. Se alguém defende este tipo de gloster, eu penso que é apenas, porque os mesmos não conseguem aproximar-se do standard do gloster, criando definitivamente bons glosters, e então criam o que podem e sabem, glosters sem pescoço, cabeça ou coroas pequenas, pouco corpo, pescoço estreito, etc., ou seja não criam glosters, e se não criam glosters, talvez fosse melhor inventar um outro nome e deixarem o gloster são e salvo, destas confusões.

Ouvi algumas pessoas em Inglaterra, que querem mudar o standard usado pelo IGBA, porque justificam que o mesmo nunca foi atingido, isto é, nunca foi criado nenhum gloster perfeito. Então, se ninguém criou o gloster perfeito, porquê mudar o standard? Ou será que o que pretendem dizer é, vamos mudar o standard do gloster tendo em conta a plumagem para poder dizer que isto que temos é glosters.

Estou envolvido na criação e desenvolvimento da raça há 38 anos, e vi muitas mudanças acontecerem na raça, sendo a maioria favoráveis para a raça, mas penso que a ideia de mudar o standard pode pôr em perigo o gloster no futuro, e não se esqueçam que hoje os principiantes são noviços, amanha serão os nossos Campeões.”

Excerto de artigo escrito por Glenn Beach

Fonte: Revista “ O gloster” revista semestral – Outubro 2009 – nº 8

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

ENTREVISTA A FABRIZIO IOPPOLO - CAMPEÃO DO MUNDO EM TOURS (2011)

Deixem-me compartilhar com vocês parte de uma entrevista com um dos criadores de gloster mais famosos, vencedor de inúmeras exposições internacionais, e recentemente campeão no mundial de ornitologia em Tours (França) o especialistas e Campeão Italiano: Fabrizio Ioppolo.

A entrevista foi feita por Lello Melillo.

Qual a história da sua paixão?

A minha paixão é bastante antiga e remete-me para os anos da minha infância.
Tudo começou no início dos anos 70 durante o Verão, quando para enganar o tempo, cuidava do canaril de um primo da minha mãe. De Junho a Setembro e durante vários anos, acompanhei a vida quotidiana e o crescimento dos canários que ele criava, o que me permitiu aprender as regras básicas e as técnicas de criação. No final de cada Verão, voltava para casa com um par de novos casais. Durante anos foi assim, até que num Verão no meio de mais de 40 casais de canários vermelhos encontrei um lindo casal de Gloster formado por um macho corona variegado verde e uma femea consort amarelo. Foi amor à primeira vista. No final daquele Verão fui para casa feliz com esse casal de Gloster e dois filhos para serem acasalados com os pais. Apartir daí deixei os canários de cor, e desde então dediquei-me exclusivamente à criação destes novos heróis.

Qual a origem dos seus Glosters que deram origem ao seu plantel?

O meu primeiro Gloster de valor foi comprado em 1985, após a minha primeira experiênca a criar glosters. Dirigi-me a um criador de Nonantola, Lazzari vencedor do título de campeão italiano em Florença, poucos anos antes, e lá comprei dois casais, sendo eles a basedo meu plantel. Nessa linhagem de canários Glosters acasalei sussecivamente, alguns de origem Inglêsa, e mais recentemente em 1994 com um macho consorte variegado trocado com Guido Poli. As ultimas aquisições são o resultado de uma viagem à Inglaterra em dezembro de 1999, viagem que me permitiu visitar alguns dos melhores canaris de Inglaterra, onde adquiri novos conhecimentose e aprendi como melhorar a plumagem e a cor de fundo dos meus Glosters.

Qual o seu método de acasalamento e reprodução?

O meu método de acasalamento é principalmente baseada no genótipo e no princípio da compensação, tentando equilibrar, tanto quanto possível, tipo e plumagem. Utilizo geralmente casais fixos devido ao escasso tempo que tenho que me impedem de proceder a uma rotatividade do macho, embora eu pense que é vantajoso usar poucos machos mas bons com várias fêmeas consanguíneas pois permite fixar as características desejadas e obter uma linha mais homogénea.

Eu sei que muitos criadores temem os aspectos negativos deste tipo de selecção, mas gostaria de tranquilizá-los dizendo que, baseado na minha experiência, a consanguinidade, por si só não traz nenhum caráter negativo, mas mostra dramaticamente a herança genética dos indivíduos encontrados, permitindo destacar todos as carcteres presentes, tanto positivas como negativas.Torna-se importante, então, uma selecção rigorosa por parte dos criadores, procurando separar todos aqueles sujeitos que possuem características indesejáveis ou defeitos hereditários, a fim de concentrar-se apenas naqueles com melhores características e, portanto, mais próximo do standard. A grande dificuldade, que será muito bem recompensada pelos resultados ao longo dos anos, é a formação de um stock inicial e prudência na selecção por parte do criador, mas creio que este método é certamente a melhor forma de alcançar uma maior uniformidade das nossas aves conseguindo-se a homozigose do patrimônio genético do nosso canaril.

Que alimentação dá às suas aves?

Sobre a alimentação, gosto de variar o máximo possível, ajustada e adaptada às diferentes épocas do ano e às consequentes diferentes necessidades dos canarios nesses periodos.
Durante a criação será importante uma dieta rica em proteínas, com um consumo equilibrado de gorduras: pessoalmente, uso uma boa mistura de sementes, uso uma papa seca onde adiciono caseína para aumentar o nível de proteínas, e humedecido com sementes germinadas e um ovo. Durante o período da muda aumenta a necessidade de gordura, e é, portanto, importante administrar uma boa papa semi humida com um nível de gordura entre 18-20%, sementes oleaginosas, como Níger e perilla e produtos hortícolas, frutas e vegetais que serão bem-vindos para os nossos animais de estimação melhorarando a coloração ea plumagem.

Após a muda, na preparação para a temporada de exposições, reduzo a gordura pois já não é tão necessária, retomo uma dieta equilibrada, na qual forneço uma boa mistura de sementes "light", e uma papa semi-seca duas vezes por semana. Durante o período de descanso de inverno, que eu considero essencial para preparar uma boa época de criação, junto os pássaros em grandes voadouras, fornecendo apenas alpista aos machos, adicionando farinha de milho e pão seco às femeas. Só então, na preparação para a época de criação, no final de Janeiro, início de Fevereiro, para as fêmeas se acostumarem forneço-lhe papa de criação, e aos machos adiciono um pouco de sementes germinadas para ajudar a prepapração para a reprodução.
A água fresca sempre disponível, e alguns complementos de tempos em tempos.

Explique-nos de forma sucinta importância da plumagem?

Acredito que a plumagem é importante da mesma forma que as outras característicass da "postura”. Esta característica quando combinada com outras podem tornar um bom exemplar num exemplar fabuloso. A plumagem quanto mais brilhante, sedosa e uma boa cor de fundo, tornara o passáro mais compacto, com uma melhor definição dos seus limites resultando num pássaro mais belo.

Obrigado por compartilhar connosco parte da sua longa experiência no mundo do gloster. Espero que continue por esta estrada durante muitos anos, sempre com sucesso.

Adeus

Lello Melillo


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011